Hackers interrompem discurso de presidente do Irã no aniversário da Revolução Islâmica

Logotipo de grupo apareceu na tela enquanto Ebrahim Raisi falava e uma voz disse 'morte à República Islâmica'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo | Reuters

Um grupo de hackers antigoverno interrompeu neste sábado (11) um discurso do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em comemoração ao 44º aniversário da Revolução Islâmica.

Raisi, cujo governo enfrenta a pressão de manifestantes que pedem sua saída do cargo, apelou para que a "juventude enganada" se arrependa para ser perdoada pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

Ebrahim Raisi, presidente do Irã, durante discurso em Teerã - Majid Asgaripour - 11.fev.23/West Asia News Agency via Reuters

O discurso, dado a uma multidão reunida na praça Azadi, em Teerã, e transmitido ao vivo, foi interrompido na internet por cerca de um minuto com a inserção do logotipo do grupo hacker Edalate Ali (Justiça de Ali) na tela. Ao mesmo tempo, uma voz gritou "morte à República Islâmica".

Protestos varreram o Irã nos últimos meses após a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, detida pela polícia moral do país em setembro por supostamente usar o véu islâmico, o hijab, de forma incorreta.

As forças de segurança responderam com uma repressão violenta aos protestos, um dos maiores desafios à República Islâmica desde que a revolução de 1979 encerrou 2.500 anos de monarquia.

Como parte de uma anistia marcando o aniversário da revolução, as autoridades libertaram na sexta (9) o dissidente Farhad Meysami, que estava em greve de fome, e o acadêmico franco-iraniano Fariba Adelkhah.

Neste domingo (12), o líder supremo emitiu uma anistia que cobre um grande número de prisioneiros, incluindo alguns detidos nos protestos contra o governo. O grupo de direitos humanos HRANA informou que dezenas de presos políticos e manifestantes, incluindo várias figuras proeminentes, foram libertados sob a anistia, mas que as condições da soltura não são conhecidas. Há o temor de que muitos foram forçados a assinar promessas de não repetir seus "crimes" antes de saírem da prisão. O Judiciário nega.

Quase 20 mil manifestantes foram presos nos atos, segundo o grupo. Além disso, 528 perderam suas vidas, incluindo 71 menores e 70 agentes de segurança. Líderes iranianos e a mídia estatal apelaram por semanas para uma forte participação nos comícios de sábado como uma demonstração de solidariedade e popularidade em uma aparente resposta aos protestos.

Na véspera do aniversário, na sexta, a mídia estatal exibiu a queima de fogos de artifício como parte das comemorações patrocinadas pelo governo enquanto pessoas cantavam "allahu akbar! (Deus é o maior!)".

No entanto, muitos podiam ser ouvidos gritando "morte ao ditador!" e "morte à República Islâmica" em vídeos postados nas redes sociais. Neste sábado, o canal de TV do governo transmitiu imagens ao vivo dos comícios em todo o país. Em Teerã, mísseis antibalísticos de fabricação nacional, um drone, um cruzador antissubmarino e outros equipamentos militares foram exibidos como parte das comemorações.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.