Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaristas admitem nos bastidores que ação do PL só serve para estimular protestos

Aliados apontam que objetivo é agitar as ruas com contestação das urnas apresentada pelo PL

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Nos últimos dias, um ministro do STF avisou a Valdemar Costa Neto que uma ação para questionar o resultado das eleições não teria nenhuma chance de prosperar. O presidente do PL admitiu que sabia disso, mas explicou que seguiria em frente de qualquer maneira. O chefão do partido argumentou que, se ficasse quieto, haveria uma rebelião da bancada bolsonarista da sigla.

Nem mesmo os aliados fiéis de Jair Bolsonaro acreditam que o Tribunal Superior Eleitoral vai mudar o resultado da disputa. A ideia de pedir à corte a anulação de parte dos votos do segundo turno é só uma tentativa de dar verniz político a suspeitas falsas de fraude e estimular novos protestos nas ruas.

Os principais operadores políticos de Bolsonaro trabalham com esse cenário. Numa conversa em Brasília na última segunda-feira (21), parlamentares que frequentam o Palácio da Alvorada reconheceram que a investida do PL não daria em nada, mas seria suficiente para fornecer combustível aos manifestantes.

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em cerimônia no Palácio do Planalto em janeiro de 2022 - Pedro Ladeira/Folhapress

Alguns dos apoiadores do presidente enxergam nesses movimentos uma espécie de derrota planejada. A provável rejeição do pedido do PL deve ser vendida como uma prova da suposta má vontade do TSE em relação a Bolsonaro e do desinteresse do tribunal em investigações que possam confirmar seu discurso.

A ação é mais um capítulo do plano telegrafado pelos golpistas ao longo dos últimos anos. Numa entrevista ao SBT em maio, Flávio Bolsonaro disse que a desconfiança em relação às urnas eletrônicas gerava "uma revolta" na população e citou um "perigo de instabilidade" caso permanecessem dúvidas após a votação.

O presidente e seus aliados fizeram questão de fabricar artificialmente essa instabilidade. Ao usar os tribunais para agitar as ruas, Valdemar e outros apoiadores de Bolsonaro se juntam à organização criminosa que cerca quartéis, clama por uma ditadura militar, bloqueia o trânsito de rodovias, incendeia caminhões e trabalha para reverter na marra o resultado da eleição.

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