Os países participantes das negociações na COP28 não devem cair na armadilha de "contar pontos" e buscar a “política do mínimo denominador comum”, disse Simon Stiell, chefe do clima da ONU, nesta quarta-feira (6), sétimo dia da conferência. Stiell, que é secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), a estrutura sob a qual se realiza a cúpula, falou em uma conferência de imprensa em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, anfitriões deste ano.
"Todos os governos devem dar ordens claras aos seus negociadores. Precisamos da maior ambição, não de pontuação ou de políticas de mínimo denominador comum", disse ele. "Temos um texto inicial em cima da mesa… mas é um monte de listas de desejos. A chave agora é separar o joio do trigo", afirmou.
"Há muitas opções que estão sobre a mesa neste momento que falam da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. Cabe aos participantes desfazer isso, mas apresentar uma declaração muito clara que sinalize o declínio terminal da era dos combustíveis fósseis tal como a conhecemos", completou.
Protesto pela saúde
Estudantes de medicina protestaram em frente às principais salas de reuniões da COP28. Segurando faixas com os dizeres “proteger a saúde, acabar com os combustíveis fósseis” e “crise climática = crise de saúde”, eles fingiram dar reanimação cardiopulmonar à Terra.
O protesto foi organizado por membros da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina.
Putin chega a Dubai, mas não tem boas-vindas dos participantes
Vladimir Putin chegou a Dubai para participar da COP28 na manhã desta quarta-feira (pelo horário de Brasília), mas já se sabia que ele não receberia uma recepção calorosa. Alguns ativistas poloneses já haviam se reunido para protestar contra a sua presença.
A ativista climática Dominika Lasota disse: “Vá se f***. Seu poder está chegando ao fim. Fora ditadores dos combustíveis fósseis”.
O presidente russo pretende discutir Gaza e a Ucrânia, bem como a produção de petróleo, com o presidente dos Emirados Árabes Unidos. Esta é uma visita internacional rara para Putin, que raramente deixa a Rússia depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido um mandado de prisão para ele. Nem os Emirados Árabes Unidos nem a Arábia Saudita reconhecem esta decisão.
A Ucrânia aproveitou a ocasião para tentar angariar apoio para a sua causa e para destacar alguns dos danos ecológicos causados pela invasão da Rússia. John Kerry, o enviado dos EUA para o clima, visitou o pavilhão da Ucrânia para ver exemplos desses danos esta manhã.
Cientistas ucranianos presentes no evento disseram que teria de haver algum tipo de protesto no caso improvável de Putin aparecer na própria conferência do clima.
Recursos prometidos para fundo de perdas e danos cobrem menos de 0,2% do necessário
Os países ricos mais responsáveis pela emergência climática prometeram até agora um total combinado de pouco mais de 700 milhões de dólares (mais de R$ 3,5 bilhões) para o fundo de perdas e danos – o equivalente a menos de 0,2% das perdas econômicas e não econômicas irreversíveis que os países em desenvolvimento sofrem enfrentando o aquecimento global todos os anos, revela o Guardian.
Em um movimento histórico, o fundo para perdas e danos foi acordado na sessão plenária de abertura do primeiro dia da COP28 no Dubai – uma vitória arduamente conquistada pelos países em desenvolvimento que, eles esperavam, sinalizasse um compromisso por parte das nações desenvolvidas e poluidoras de finalmente fornecerem apoio financeiro para parte da destruição já em curso.
Mas, até agora, os compromissos têm ficado muito aquém do necessário, com as perdas e danos nos países em desenvolvimento estimados por uma organização não governamental em superiores a 400 bilhões de dólares por ano – e crescendo. As estimativas do custo anual dos danos variam entre 100 bilhões e 580 bilhões de dólares.
A promessa de 100 milhões de dólares dos Emirados Árabes Unidos, país anfitrião da COP28, foi igualada pela Alemanha – e depois ligeiramente superada pela Itália e pela França, que prometeram 108 milhões de dólares. Os EUA, que são historicamente o pior emissor de gases com efeito de estufa – e o maior produtor de petróleo e gás este ano – prometeram até agora apenas 17,5 milhões de dólares, enquanto o Japão, a terceira maior economia atrás dos EUA e da China, ofereceu 10 milhões de dólares.