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Na ONU, líder da União Africana ressalta “grandes expectativas” para a COP28

 Entre 60 e 65% das terras africanas não são exploradas.
FAO/Giulio Napolitano
Entre 60 e 65% das terras africanas não são exploradas.

Na ONU, líder da União Africana ressalta “grandes expectativas” para a COP28

Assuntos da ONU

Cúpula do Clima foi um dos temas centrais do diálogo entre o secretário-geral da ONU e o presidente da Comissão da União Africana; região com 1,4 bilhão de habitantes conta com 30 milhões de quilômetros e até 65% das terras aráveis.

O secretário-geral da ONU destacou a grande prioridade da África para a organização diante de desafios atuais. António Guterres falava, em Nova Iorque, após o 7º diálogo de alto nível com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

O chefe das Nações Unidas ressaltou que a parceria é essencial para os esforços das duas partes. Na terça-feira, ele reafirmou uma atuação baseada no “princípio de soluções lideradas por África” em temas como paz e segurança, desenvolvimento e direitos humanos.

COP28

Mahamat revelou haver “grandes expectativas” em nível regional em relação à 28ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, COP28, nos Emirados Árabes Unidos. 

Para o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, a transição para a energia limpa no continente deve ser justa
ONU/Evan Schneider

 

Para  o presidente da Comissão da União Africana, o evento será uma oportunidade para defender como o continente “é severamente afetado pelos efeitos das alterações climáticas, embora polua muito pouco”.

A região abriga 1,4 bilhão de habitantes em 30 milhões de quilômetros. Entre 60 e 65% das terras não são exploradas. 

Para o presidente da Comissão da União Africana, a transição para a energia limpa no continente deve ser justa. Estima-se que 600 milhões de africanos ainda não têm acesso à eletricidade. Nessa realidade ‘é preciso garantir que a região esteja no rumo certo para o desenvolvimento’. 

Moussa Faki Mahamat diz crer que que essa questão “ajudaria a mitigar a questão da migração, que se tornou particularmente delicada para os vizinhos na Europa”.

Vítima da dupla injustiça

Guterres destacou a posição do continente africano como “uma vítima da dupla injustiça” causada pelo colonialismo e pela escravatura no passado associado às relações de poder financeiro e econômicos atuais.

Países africanos têm dificuldades para responder às necessidades básicas das populações
© PMA/Badre Bahaji

 

Antes da pandemia, as taxas de crescimento econômico do continente estavam entre as mais altas do mundo. A ONU destaca que a região sofreu na distribuição de vacinas e com o aumento do peso da dívida que reduz o espaço fiscal.

Países da região têm dificuldades para responder às necessidades básicas das populações, na maioria jovens. 

De acordo com a ONU, a situação leva a gerar uma “enorme frustração do grupo que faz crescer os receios de instabilidade, golpes de Estado e outros eventos que podem minar a paz e a segurança”.

Alterações do clima e efeitos da guerra na Ucrânia

Guterres considera muito importante que seja dada uma “resposta dupla” a esta série de questões reconhecendo que “as missões de manutenção da paz não fazem sentido onde não há paz para manter”.

Ele destacou que África também enfrenta desafios em campos como alterações climáticas e consequências da guerra na Ucrânia, que teve impacto no abastecimento de alimentos.

Guterres acrescentou que é fundamental impulsionar o financiamento, tanto para o desenvolvimento como para a paz, juntamente com a reforma das instituições financeiras globais.