Por Roney Domingos, g1

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Circula nas redes uma publicação que afirma que os indígens em estado de desnutrição em Roraima são venezuelanos. É #FAKE.

— Foto: g1

A publicação falsa diz: "Indígenas em estado de desnutrição em Roraima são venezuelanos e fruto do comunismo de Maduro e Lula".

Não é verdade que os indígenas em estado de desnutrição sejam venezuelanos. Organizações como a Survival e a Associação Expedicionários da Saúde (EDS), que atuam junto aos indígenas, afirmam que crise afeta brasileiros. O Ministério da Saúde e a Funai também desmentem a mensagem falsa.

Priscilla Oliveira, pesquisadora e ativista da Survival International, afirma que o que a gente está vendo agora, esses dados estatísticos que estão sendo divulgados, se referem somente ao lado brasileiro da fronteira.

"Inicialmente a gente tem que esclarecer que existem Yanomamis dos dois lados da fronteira tanto na Venezuela quanto no Brasil. E que desses dois lados da fronteira existe a atuação do garimpo ilegal. Mas o que a gente está vendo agora, esses dados estatísticos que estão sendo divulgados, eles se referem somente ao lado brasileiro da fronteira. A gente está falando da terra indígena Yanomami no Brasil. Essa crise de saúde catastrófica que a gente está vendo é um genocídio que já estava em andamento há anos. Durante o governo Bolsonaro a situação piorou drasticamente. "

Priscila afirma que estava em andamento um genocídio.

"Ele (Bolsonaro) encorajou a abertura do território, incentivou a entrada dos garimpeiros ilegais, incentivou a atuação desses garimpeiros ilegais no território. Ele desmantelou o serviço de saúde indígena. Comemorou a expansão desse garimpo ilegal dentro da terra indígena Yanomami e de outras terras indígenas. E ele também ignorou o apelo que foi feito por inúmeras organizações indígenas, inclusive as organizações indígenas Yanomami, os aliados dessas organizações indígenas como a Survival. Desde o ano passado e até antes a gente vem chamando a atenção para esse caso e para essa crise. E para a escala dessa crise. Então nada disso é novo e é por isso que a gente pode chamar isso de genocídio. E isso sim é do lado brasileiro, a gente pode falar que existe um genocídio que já estava em andamento na terra indígena Yanomami há anos."

A Survival publicou uma declaração com seis pontos sobre a crise humanitária.

A Associação Expedicionários da Saúde (EDS) afirma que os Yanomami atendidos pela organização em 2022 em situação de desnutrição, malária e verminose eram todos brasileiros. A EDS trabalha com Yanomami há mais de 10 anos e durante o ano de 2022 fez entradas médicas emergenciais para atendimento desta população. A organização lembra que o território Yanomami abarca boa parte da divisa entre Brasil e Venezuela e existem também Yanomami do outro lado da fronteira.

O Ministério da Saúde afirma em nota que "é falsa a informação de que os indígenas encontrados em estado grave de saúde no território Yanomami não são brasileiros".

A Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai), responsável por coordenar e executar a política indigenista do governo brasileiro, desmente a mensagem falsa. "É falsa a informação de que os indígenas em estado grave de saúde na Terra Indígena Yanomami não são brasileiros", diz, em seu perfil oficial no Twitter.

De acordo com o Ministério da Saúde, a região, que passa por uma triste crise humanitária provocada pela falta de assistência médica e sanitária, é a maior reserva indígena do país - com mais de 30,4 mil habitantes.

Desde a última segunda-feira (16), equipes de saúde enviadas pela pasta confirmaram casos de crianças e idosos com quadro grave de desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos.

Os Yanomami resgatados com quadro grave de desnutrição vivem em uma comunidade dominada pelo garimpo e a atividade ilegal é a principal causa da crise sanitária no território.

Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami registra nos últimos anos agravamento na saúde dos indígenas, com casos graves de crianças e adultos com desnutrição severa, verminose e malária, em meio ao avanço do garimpo ilegal.

Só em 2022, segundo o governo federal, 99 crianças Yanomami morreram, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia, que doenças evitáveis. A estimativa é que, ao todo no território, 570 crianças morreram nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro.

Em 2021, o g1 e o Fantástico já tinham registrado cenas inéditas e exclusivas - semelhantes às divulgadas recentemente, de crianças extremamente magras, com quadros aparentes de desnutrição e de verminose, além de dezenas de indígenas doentes com sintomas de malária em comunidades Yanomami.

Para buscar solução à crise sanitária Yanomami, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública.

É #FAKE que indígenas em estado de desnutrição em Roraima são venezuelanos — Foto: Reprodução

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