As receitas abundantes dos estados produtores de petróleo deveriam ser sujeitas a uma taxa de US$25 bilhões (aproximadamente R$ 122 bilhões) para ajudar a pagar o impacto dos desastres climáticos nas pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo, afirmou um grupo de antigos líderes mundiais e economistas de renome.
Setenta figuras internacionais, lideradas pelo antigo primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown, assinaram uma carta apelando à medida antes da próxima conferência climática da ONU, a COP28, que começa no Dubai na quinta-feira (30). Os signatários incluem 25 ex-primeiros-ministros ou presidentes.
Essa taxa reduziria apenas uma pequena fração dos lucros que os países produtores de petróleo obtiveram nos últimos anos e ajudaria a preencher um fundo para as “perdas e danos” dos países pobres afetados pelos impactos da crise climática, analisa o Guardian.
"O impasse no financiamento climático tem de ser quebrado para que a COP28 tenha sucesso. Depois de mais de uma década de promessas quebradas, uma taxa de petróleo e gás de 25 bilhões de dólares paga pelos estados petrolíferos e proposta pelos EAU (Emirados Árabes Unidos) como presidência do COP daria início ao financiamento para a mitigação [redução das emissões de gases com efeito estufa] e adaptação no sul global", disse Brown ao Guardian.
“Mas todos os principais emissores históricos e atuais devem chegar à mesa com garantias se quisermos angariar o 1 bilhão de dólares por ano necessário para o financiamento do desenvolvimento e do clima no sul global”, completou.
A carta está sendo enviada ao presidente designado do evento, Sultão Al Jaber, que também é presidente-executivo da Adnoc, a empresa petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, e ao atual presidente do G20, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Os signatários incluem o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark; a ex-presidente do Malawi Joyce Banda e a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, bem como vários economistas importantes.
A carta salienta que, de acordo com a Agência Internacional de Energia, as receitas petrolíferas eram de US$1,5 bilhões por ano antes da Covid, mas dispararam para um recorde de US$4 bilhões em 2022. Isto representa 20 vezes todo o orçamento de ajuda global, mais de 30 vezes os orçamentos de todos os bancos multilaterais de desenvolvimento combinados, e 40 vezes os US$100 bilhões por ano prometidos em 2009 para os países pobres ajudarem a reduzir as suas emissões de gases com efeito estufa e a adaptarem-se aos impactos da crise climática.