Antes de adoecer eu estava animadamente lendo uma dissertação sobre a colonização britânica no Egito e sua influência no que a gente entende por dança do ventre no ocidente. Mas, com toda a coleção de sintomas que acompanham uma boa crise de sinusite, eu não queria fazer esforço, queria algo confortável e mais ou menos conhecido.
Tive preguiça de ler o segundo livro da série do Protetorado da Sombrinha (de Alma?, que fiz até episódio indicando) e, como estava com saudades de Maomao, parti pra segunda light novel de The Apothecary Diaries. Tem o esforço de ler em inglês, mas tudo que está aí já vi no anime. Como livro tem mais espaço pra discutir umas coisas, há novidades em relação à animação e tem respostas a questionamentos que levantei lá no episódio em que falei do primeiro livro/primeira temporada.
Algo da vida das cortesãs é explicado e fica claro que nem tudo é tão idílico quanto parece no primeiro livro. No entanto, Pairin, a principal princesa do Palácio Verdete, é destacada como uma exceção: ela realmente gosta da vida de cortesã, já poderia ter se aposentado, mas não quer, se não há clientes, ela seduz criados e colegas de trabalho para se satisfazer e está à espera do “príncipe encantado” que terá estamina o suficiente para lidar com ela todo dia. Em algumas descrições da personagem, a gente vê a ideia de Prostituta Sagrada: aquela que está conectada com a Deusa e distribui amor carnal e amor maternal sem considerar um certo e outro errado, um belo e outro sujo. Nela, ambos são belos e dignos de serem experimentados. Para fazer contraste com uma personagem provavelmente assexual (Maomao), a autora escreveu uma mulher bastante sexualizada, mas sem fazer julgamentos. No livro, o suposto príncipe encantado, Lihaku, também não vê qualquer problema no estilo de vida, gosto e profissão de Pairin e a ama com tudo e por tudo que ela é. Sua ideia não é de “salvá-la daquele lugar”, mas de poder conviver todos os dias com a mulher que ama.
E Maomao, em sua posição de mulher que não sente atração, mas entende que os outros sentem, não julga a irmã-mãe em nenhum momento. Pelo contrário, ela se esforça para que Pairin tenha seus desejos e vontades atendidos. Para Maomao, se Pairin deseja dividir a vida com um homem só, é melhor que este homem atenda os requisitos e tenha a energia e disposição para fornecer aquilo que a irmã supre com várias outras pessoas.
Enfim, já estou 99% boa, rindo e me divertindo muito com o fim desta obra (já vou em quase 80% do livro) e pensando sobre o que vou falar no próximo Despautada Indica (que ainda não está gravado). Não quero falar do segundo volume de Diários de uma Apotecária porque fiz um longo episódio falando do primeiro. Mas, provavelmente, vai ser sobre anime também.