Fazer o pensamento crítico se tornar a tendência do momento é lutar contra a mediocridade de ideias e ideais que assola nossa sociedade. Já faz algum tempo que, silenciosamente, se trabalha para a morte do pensamento crítico porque se sabe que ela fomenta as hierarquias que caracterizam as desigualdades de todo tipo.
Atacar Paulo Freire foi só um dos sintomas. Defender Paulo Freire sem ler e praticar Paulo Freire foi outro.
Mas houveram muitos outros.
Sorrateiramente, da noite para o dia, começou uma campanha de desmerecimento da faculdade, sob argumento de que ela “não deixa ninguém rico”. Nas entrelinhas dessa fala também tem a desvalorização do conhecimento. Ele em si é não é uma riqueza?
Tanto que os ricos gastam fortunas para compra-lo e transformá-lo no seu maior e mais inatingível “capital social”, enquanto convence seus empregados (opa, colaboradores) de que isso não é para eles. Uma das falácias que se usa para isso é dizer que conhecimento “não define caráter”.
Mas isso é verdade. O que mais define caráter é a capacidade de explorar a força de trabalho do outro para formar riquezas que serão investidas, entre outras coisas, em conhecimento. Só que já nem temos a autonomia do nosso pensamento para concluir que conhecimento não importa, é o lobo em pele de cordeiro. E quando conseguimos burlar nossa consciência enfraquecida e entender isso, não temos forças para rechaçar quem diz isso. Muitos até aplaudem.
O fato é que o pensamento crítico nos livra de argumentos insustentáveis, de falácias demagógicas, de eloquências vazias e de toda forma de manipulação e alienação. A manipulação social nos mantém presos aos meandros da exploração. A alienação anula nossa autonomia mental e moral, cerceando nosso desenvolvimento humano.
Com essas duas frentes formadas na ausência do pensamento crítico, somos todos gados, conduzidos por um berrante “luxuoso” pelas veredas do descolamento da realidade até o total esvaziamento de nossas capacidades mais úteis a nós e a nossa sociedade.
É hora de dizer com todas as letras, em alto e bom som, que o caminho para a “salvação social” não é outro senão o do pensamento crítico.