Assento meus pés no chão
Abro a janela do mundo
Sangue pra todo lado
guerras
desmatamentos
direitos civis virando poeira
morte
muita morte
enquanto a devastação acontece
meu corpo se espanta
as mãos tensionam
agarrar
tá tudo tão tão
não entendo o que querem
mas parecem se estender
suplicam
ajuda
a mão direita
se abre aos céus
a esquerda
à terra
meu corpo
reza
com a força do mistério
não busque entender
a cabeça sem eixo
parece bêbada
que ressaca é essa
as palavras mudas
costuram
minha estrutura
dentro
fora
o mesmo tom
ao longe
um vulto dança
meus ossos tremem
a cada vibração
vozes
cantam
enquanto a terra
engole sem distinção
Plutão
nós não te reverenciamos?
a ilusão da infinitude
turva a visão
ganância
quase que esquecemos
da força que a morte tem
grito
choro
lamentação
a dor dos outros
é nossa também
somos nós
humanos
que não nos reverenciamos
O título dessa poesia é uma apropriação da música abaixo:
Amo essa música e amei mais ainda a inspiração que lhe acometeu a partir dela ❤️