Se você quiser saber algo sobre mim - o que acredito que não é o caso - saiba que eu sou apaixonada por listas.
Qualquer uma, sobre qualquer critério, seja lá sobre o que for.
Eu me sinto particularmente satisfeita e MUITO encantada com essas listas de fim de ano sobre música, filmes, os melhores jeitos de enroscar os dedinhos do pé… Enfim!
A lista de agora será sobre os álbuns lançados em 2023 que não saíram do meu spotify/tidal (sim, meu ano também foi marcado pela troca de streaming, o que será tema para outra newsletter, acredito). Não, o critério não será por técnica e nem aclamação, até porque tentei fazer um exercício pessoal durante o ano de ir ouvindo todos os discos em listas e demorei a fazer esse textinho, inclusive, porque me vi embebida pelo inebriante FOMO de ouvir tudo o que não ouvi de uma vez para poder colocar alguma coisa aqui (destacando esse assunto aqui para me lembrar de escrever sobre isso também!), mas não deu certo. E por que não? Porque soaria artificial demais colocar álbuns que ouvi em maratona sem criar nenhuma conexão só para não ficar por fora dos lançamentos do ano.
Então, por essa razão, a lista a seguir foi criada única e exclusivamente sob o critério afetivo, será sobre o quanto esses álbuns significaram para mim e para minha experiência de viver esse ano de 2023.
E não, apesar de eu amar listas, essa em específico não será em ordem de preferência, porque sou indecisa e ficaria um bom tempo olhando para o resultado com algum tipo de insatisfação e sentimento de injustiça.
Outro ponto importante é que não dividirei em álbuns nacionais e internacionais, até porque o conceito de nação É UMA INVENÇÃO (não me levem tão a sério eu só tô com preguiça haha).
Vamos lá!
THIS IS WHY - PARAMORE
Um álbum aguardado demais por mim desde “After laughter”(2017), This is Why não foi o melhor álbum de todos os tempos, mas trouxe uma sensação muito gostosa que é a de dar a primeira mordida em uma comida muito desejada. Acho que o grande ponto forte, para mim, é o de Hayley, Taylor e Zac terem conseguido condensar toda a trajetória do Paramore não apenas com um disco que sai da áurea emo das tensões internas e tenta traduzir isso para a relação com o mundo, mas também pela sonoridade indie-punk ter abraçado de maneira muito coesa as influências da banda nos últimos anos.
Favoritas: Crave, Thick Skull, Big man, little dignity, figure 8.
NEW JEANS 2ND EP ‘GET UP’ - NEWJEANS
Sendo uma, orgulhosamente, kpopper desde 2020 e obcecada por esse gênero (que é realmente muito mais que um gênero musical), posso dizer que NewJeans, desde o lançamento de Attention do primeiro EP em 2022 (e da sequência de clipes conceituais explorando a sensação refrescante dos anos 2000) meio que moldou uma nova tendência dentre os girlgroups, que é a de trazer essa sonoridade de experimentações do dance da músical alternativa europeia. Aqui , abraçando de vez o uk garage - e foi graças a esse ep que conheci esse subgênero - o segundo EP das meninas com jeans novos é uma aula de frescor.
Favoritas: Cool with you, super shy, ASAP, Get up.
Aliás essa música e esse clipe são um luxo! (o side b também).
Favoritas: cool with you, super shy, ASAP
ORIGINAL BRASIL - LAMPARINA
Esse foi meu ano mais solar, sem dúvida e acho que isso pode ser explicado de maneira sonora por esse álbum que é a perfeita tradução do que é estar na praia. O que eu mais gosto aqui é que não há pretensão em nada, não há promessa de ser algo mais do que se propõe. A ideia é só fazer a gente com vontade de fazer marquinha de biquini e tá tudo bem.
Favoritas: Tô que tô a toa, medo de amar, carinha de sol, sensação
LIGAÇÕES ESTRANHAS - CÉSAR MC
Tendo a ideia da “ligação” e do telefone como um símbolo, “Ligações estranhas” é um disco sobre transpor limites. Limites sobre o que é humano e artificial, sobre o que é fé e ceticismo, sobre o tudo ou nada.
César Mc põe o dedo na ferida com rimas ácidas, um manifesto a favor da ideia de humanidade em um universo de indústria musical como aquela que mata o aspecto humano em nome do lucro.
Favoritas: Art.ficial,isso é tudo pessoal, número desconhecido feat. césar, ligação perdida feat. Deus.
EVERYTHING IS ALIVE - SLOWDIVE
Lançamento da banda inglesa de dream pop e shoegaze depois de 6 anos, Slowdive aparece com uma versão mais acessível, pop, mas sem deixar todo o peso do seu som e sentimento de lado.
Essas músicas me acompanharam por uma grande parte da segunda metade de 2023, mesmo eu reconhecendo que não é o melhor álbum da banda, mas consegui criar algum tipo de conexão com o som.
Favoritas: shanty, kisses, alife, prayer remembered
THE WEIGHT OF THE NEWS - FREDERICO HELIODORO
Não foi o meu preferido do ano, mas com certeza trouxe uma marca importante. Achei um luxo a sonoridade de neo-jazz, mpb mineira e synths do pop, uma experimentação não apenas no que vemos por aqui em termos de som, mas também em letras explorando abstrações, sentimentos de transitoriedade… Enfim, um baita álbum, uma conexão muito boa entre o passado e o presente.
Favoritas: interestelar, essa noite, existir amanhã, better WIFI.
TERAPIA - EBONY
Depois de ter lançado uma diss contra toda a indústria masculina do hip hop brasileiro, evento que quebrou o twitter, Ebony lança Terapia, um álbum que conta com a produção de AG BEATS, Larinx, Leo Justi e Heavy Baile, trazendo o melhor de rap, trap, r&b e experimentações com funk também. Tem como conceito um fluxo de pensamento sem filtro - como um relato de terapia - sobre a psiquê meio kanye west, meio doja cat, meio nicki minaj com letras que você pensa “não é possível que ela vai falar isso” e, sim, ela sempre vai falar exatamente o que você duvida.
Favoritas: pensamentos intrusivos, megalomaníaca,terapia, hentai.
IN THE END IT ALWAYS DOES - THE JAPANESE HOUSE
Sabe aquela sensação de acordar e sentir os primeiros raios da manhã e aquela energia de “ok, vai dar sim para eu vencer esse dia”? É basicamente o que senti e sinto ouvindo esse disco da Japanese House e isso explica o porquê escutei tanto esse álbum no caminho para o trabalho todas as manhãs por algumas semanas a fio (e também o porquê acabei criando uma playlist baseada só nesse conceito matinal).
Favoritas: Touching yourself, Over there, Morning phases, Boyhood
ZULU: QUARTA PAREDE, VOL.3 - ZUDZILLA
Um dos melhores álbuns do ano para mim - de maneira até objetiva - zulu: quarta parede explora as dimensões macro e micro e os simbolismo de ir contando a própria narrativa quebrando a quarta parede e usando de linguagem cinematográfica para abordar as tensões e crises que ora são individuais, ora são coletivas.
Favoritas: azul piscina, alvo, tempo (interlúdio), tempo ruim, H.E.R (humano em reabilitação), EGOT