Não aperte minha mente: o excesso de referências e influências em um contexto digital
Tudo em excesso faz mal, já diz a sabedoria popular.
No caso da Internet, sabemos que o excesso de informação pode gerar uma "infoxicação". Mas e quando chegamos a um ponto de um excesso de influência através das redes sociais?
É como se a gente abrisse o Instagram e começasse a receber do nada um monte de "conselhos" (ou melhor, pitacos) não solicitados, igual quando vamos a uma ceia de Natal com parentes sem noção e temos que ouvir comentários sobre o nosso corpo ou perguntas íntimas demais.
É como se a gente estivesse sendo puxado em mil direções ao mesmo tempo.
Com tanta gente falando o tempo todo, opinando e muitas vezes até mandando com tom imperativo, podemos nos perder da nossa própria voz interior e do caminho para o autoconhecimento e a autenticidade. Por isso, às vezes é preciso silenciar o ruído lá fora e fazer uma autocuradoria intencional, seletiva e consciente sobre quais conteúdos você quer consumir - ou não.
Respira fundo e vem no fluxo dessa reflexão!
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço
Criar conteúdo não é fácil, mas é (relativamente) acessível. Basta um celular com câmera e acesso à Internet, a princípio. À medida que a atividade vai se profissionalizando, creators podem investir em ferramentas para aumentar a qualidade do material. A forma ajuda a lapidar e embalar isso, mas, no fundo, o conteúdo é a essência do que está sendo comunicado. A joia bruta.
Uma coisa boa da Internet é justamente o fato dela ter permitido que novas e diversas vozes ecoassem, mesmo sem uma grande estrutura por trás. Um exemplo positivo é o "Voz das Comunidades", fundado por Renê Silva, que surgiu como um jornal comunitário para falar sobre o que acontece nas favelas do Rio de Janeiro e se tornou uma referência de veículo de mídia independente, com quase 170.000 seguidores e grande engajamento no Instagram.
Por outro lado, essa acessibilidade é uma faca de dois gumes que permite que ideias perigosas se alastrem em uma velocidade impressionante. Vide o Brasil dos últimos 4 (ou 6?) anos.
Discussões político-partidárias à parte, um dos perigos atuais é a ascensão dos "coaches" vendendo soluções mágicas para tudo - praticamente sem regulamentações. Curioso, né? Vemos diversas pessoas (geralmente mulheres, diga-se de passagem), super competentes no que fazem, sofrendo com a tal Síndrome da Impostora, enquanto outras pessoas estão por aí ultrapassando limites ou até exercendo profissões de forma ilegal sem constrangimento algum.
Alguns nichos são mais "inofensivos" e podem ser mais facilmente filtrados, porém, conteúdos sobre saúde física e mental, autoestima, espiritualidade, finanças e outros temas mais sensíveis precisam ser acompanhados de perto e com bastante atenção!
Adoramos esse post da @buarrocha!
Internet tem lei, sim!
Estamos chegando em 2023, mas parece que ainda ficou no senso comum aquela sensação de que a Internet é uma "terra sem lei", em que a liberdade de expressão é soberana e todo mundo pode fazer e falar o que quiser.
No entanto, não é bem assim que a banca toca. Além do Marco Civil da Internet de 2014 e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) de 2018 como grandes referências jurídicas no contexto digital, temos a própria Constituição Federal, Códigos e Leis que podem ser aplicadas nos mais diversos casos. Por exemplo: racismo é crime e ponto - não importa se foi verbalizado em um tweet ou durante um bate-boca.
Já no campo mais específico da influência digital, quando entra o fator monetização, aí é que a coisa complica porque há um conflito de interesses bem difícil de equilibrar, entre a audiência, o negócio de conteúdo (normalmente como uma pequena/média empresa) e as marcas anunciantes.
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) é o órgão não-governamental responsável por coibir a publicidade enganosa e abusiva. Existe uma série de normas básicas de ética, ligadas à veiculação de qualquer propaganda no Brasil, tais como a sinalização do anúncio como publicidade (é o mínimo, né?), o princípio da leal concorrência e a veracidade.
Em caso de descumprimento, qualquer pessoa pode denunciar ao Conselho de Ética do Órgão, composto por mais de 180 pessoas: conselheiras voluntárias, publicitárias, advogadas, jornalistas, etc, responsáveis por fiscalizar, julgar e deliberar eventuais acusações de violação ou desobediência contra o Código.
As medidas que podem ser tomadas incluem alterações nos materiais, conciliações, suspensão dos anúncios e retirada de circulação. Na prática, acreditamos que essa fiscalização precisa ser mais efetiva e rigorosa para que a gente possa de fato começar a andar para frente nesse ponto.
Pergunta do milhão: nesse mar de conteúdo, no que (e em quem) confiar?
O volume de conteúdo disponível na Internet não irá diminuir. Pelo contrário, só tende a aumentar. Portanto, precisamos de mais projetos e organizações como a Internet das Pessoas, Coding Rights e EducaMídia, que levantem a bandeira da educação digital.
Esse tipo de educação deve existir não só para ajudar os criadores de conteúdo e as marcas a trabalharem com o mínimo de ética e responsabilidade, mas principalmente para ensinar pessoas comuns a identificarem uma notícia falsa, a entenderem a dinâmica dos algoritmos para não compartilharem conteúdos violentos ou ofensivos e por aí vai.
Especialmente se você tem uma marca que já alcançou a maturidade digital, considere apoiar projetos existentes nessa área de educação midiática e oferecer projetos de treinamento interno com essa temática dentro da sua empresa.
Para todo mundo, inclusive nós aqui, vale sempre o lembrete para manter um estado de atenção ao conteúdo que andamos consumindo, como ele faz você se sentir e, a partir disso, guardar bem as portas de acesso do que você deixa chegar até você.
Sabemos que não temos o controle total sobre isso, em tempos de anúncios e algoritmos, mas apostamos que todo o processo de autocuradoria e, principalmente, a capacidade de priorizar serão habilidades cada vez mais necessárias para viver nesse mundo caótico.
E aí, bora aproveitar que o fim de ano já está chegando para entrar no modo detox e começar a fazer aquela limpa - no armário e no Feed?
Compartilhe aqui com a gente nos comentários: qual estratégia você já aplica para fazer esses filtros?
Eu poderia emoldurar essa frase:
"No mar de influência em que vivemos, não tem nada mais reconfortante do que sermos livres para ouvir nossa própria voz."
Radar do Futuro-Presente:
Vogue Dossiê: o mercado de influência de moda e beleza
Utilidade pública: esse manual de comunicação inclusiva!
Arte é inovação: "Gil Futurível" - Gilberto Gil ganha um projeto imersivo em experiência de realidade virtual (Portal Popline).
ESG e COP27: o ecossistema de greentechs, com soluções de energia renovável e limpa, é avaliado em R$247 bi e segue em alta no Brasil e no mundo (Forbes)
Oportunidades: Natura abre chamada em busca de startups de bem-estar feminino; Ambev lança o 1º Prêmio de Inclusão Produtiva, com foco em empreendedorismo e empregabilidade; Artemisia e Umane abrem inscrições para uma Plataforma de Inovação Aberta em Atenção Primária à Saúde, com prêmios em dinheiro.