Última flor do Lácio, inculta e bela
coloque os fones e vem ter aulas de português no spotify
Olá ;)
A frase “sou de humanas” cai em mim como uma luva chiquérrima, toda peluciada por dentro me dando o máximo de conforto, bem quentinha. Na escola, sempre me saí melhor em Língua Portuguesa. Minhas notas davam orgulho aos meus pais do tipo “não faz mais que sua obrigação”, mas eu gostava muito de estudar português.
Esse dom me foi dado para compensar o quanto eu era burrinha em adivinha? Matemática, claro, a matéria forjada pelo próprio demônio que me fazia sentir como uma Carla Zambelli de exatas.
Não à toa me tornei redatora, a louca da revisão gramatical, aquela que enxerga uma palavra sem acento a léguas de distância e corre apontando o dedo O ACENTO não esqueça do acento.
Lembro de um livro que tive no 1º ano do ensino médio que trazia o trecho de uma música do Engenheiros do Hawaii como exemplo de metáfora com uma antítese no último verso.
Meu coração é um porta aviões
Perdido no mar esperando alguém pousar
Meu coração é um porto sem endereço certo
É um deserto em pleno mar
(Nau à Deriva)
Meu Spotify é dominado acho que por uns 90% de música internacional, mas quando quero cantar em português, é Engenheiros que escolho exatamente por causa da destreza em que Humberto Gessinger escreve as letras de suas músicas. Ele sabe usar as palavras como poucos. É o rei das figuras de linguagem. Sempre fico encantada.
Aqui exemplos de antítese {usa palavras ou expressões com sentidos opostos, que contrastam entre si. Ocorre quando há a aproximação destes termos contrários. Esta aproximação dá ênfase à frase e assegura maior expressividade à mensagem a ser transmitida}
É preciso fé cega e pé atrás
Olho vivo, faro fino e tanto faz
É preciso saber de tudo e
Não pensar em nada
(Realidade Virtual)
Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
A vida seca, os olhos úmidos
(Ninguém = Ninguém)
Somos um exército
O exército de um homem só
Um bando de vampiros
Que odeiam sangue
(O Exército de um Homem Só, II)
Exemplos de aliteração {consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes. Ocorre geralmente, no início das palavras, que compõem versos ou frases, mas pode estar também no meio ou no fim}
O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás de um sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais
(Promessa)
Ela para e fica ali parada
Olha-se para nada, Paraná
Fica parecida, paraguaia
Para-raios em dia de sol para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso paira no ar
(Parabólica)
Na mesma música vemos um paradoxo {aproximação de palavras contrárias, que podem ser associadas em um mesmo pensamento}
Paralelas que se cruzam
Em Belém do Pará
Longe, longe, longe, aqui do lado
Paradoxo, nada nos separa
A ideia de contradição é bem presente nas letras do Engenheiros. Olha só
E eu que não bebo, pedi um conhaque
Pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta que você deixou aberta ao sair
(Eu que Não Amo Você)
Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
(Piano Bar)
Já aqui vemos a destreza da construção do significado de dualidade (partir - palavra que pode significar quebrar e também ir embora).
Há espaço pra todos, há um imenso vazio
Nesse espelho quebrado por alguém que partiu
A noite cai de alturas impossíveis
E quebra o silêncio, e parte o coração
(Alívio Imediato)
Certeza que você ficou com vontade de ouvir as músicas. Por isso não, vem que eu tenho uma playlist com todas elas. 😉🎶
Tá procurando o que assistir?
Duas produções que valem muito a pena:
Sequestro no Ar tá na boca do povo, todo mundo que vê ama e eu não fui diferente. Afinal de contas, se tem Idris Elba é garantia de maravilhosidade.
O thriller de 7 episódios se passa em tempo real e narra a história de um avião sequestrado por terroristas que deveria aterrissar em Londres. O personagem de Elba, Sam Nelson, é um negociador do mundo corporativo, que usará as suas habilidades de persuasão para salvar a sua vida e as de todos os passageiros a bordo.
É viciante daquele tipo que você não consegue ver um só, e como já está terminada, pode maratonar com um potão de pipoca e um copão de maracujina por que dá um nervoso danado. 10/10
Já a próxima vai te dar um ódio, mas é boa demais.
Império da Dor conta, em 6 episódios, a história real das causas e consequências da epidemia de opioides nos Estados Unidos, acompanha culpados, vítimas e uma investigadora em busca da verdade.
A trama acompanha inicialmente Edie Flowers (Uzo Aduba), uma investigadora do Ministério Público. Ao começar a questionar a introdução do novo medicamento OxyContin no mercado, uma pílula que passou a ser vendida em larga escala para o tratamento de dor e promovida como um produto não viciante, a profissional acaba se deparando com um cenário grave.
Quem já ficou indignado com Dopesick (eu), vai ficar de novo com essa e é tão boa quanto. Matthew Broderick tá perfeito no papel de Richard Sackler, bilionário dono da gigante farmacêutica Purdue Pharma. No elenco ainda estão Taylor Kitsch (arrasando demais) e a nepo baby filha de David Duchovny, Madeleine West Duchovny.
Por hoje é só! Fique bem e até a próxima! Também tô por aí - twitter: katiadel e no céu azul katiadel.bsky.social.
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